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Minha praga bíblica particular

Ainda me pergunto para onde foram os besouros. A mata ao redor da cidade continua igual e não acho que um rio a menos faça tanta diferença assim. Será que só se cansaram de ser mal recebidos? Mudaram seus hábitos migratórios? Nunca existiram fora da minha cabeça? Quem sabe.

RPG Design — Variantes de Rolagem

No texto anterior, exploramos o básico de métodos de rolagem, mas esses métodos raramente são usados em seu estado puro. É comum que métodos diferentes sejam combinados em algum grau, ou mesmo sejam usados em pontos isolados da mecânica. Além disso, também é comum que variantes sejam empilhadas sobre essas combinações com o intuito de gerar efeitos matemáticos pontuais para corrigir falhas ou amenizar efeitos colaterais indesejados do tipo de rolagem escolhida.

O neto carrasco

Eu sempre temi a cegueira, ainda nos meus vinte anos fui avisado por um médico que, provavelmente, ficaria cego. Pra minha sorte, cai no condicional do advérbio. Apesar disso, de todas as deficiências envolvendo sentidos, sempre acreditei ser a cegueira a mais pesada. Agora, distante da ameaça de ser tomado por ela, já não tenho certeza.

Tenho tempo até demais

“Estou sem tempo” é uma desculpa maravilhosa. Irrefutável na loucura da produção. Não conheço ninguém que não esteja sem tempo, fazendo mil coisas, correndo de lá pra cá. E, por ser irrefutável, é a melhor das mentiras.

Para se amar é preciso amar os outros

Na era do cancelamento do twitter, eu tenho evitado escrever sobre certas coisas, ou, pelo menos, tenho evitado escrever e assinar. Mas hoje acordei com vontade de ser cancelado. Vamos falar de amor-próprio.

Conquistas

Não tenho vontade de respostas, \ não mais. \ Nenhuma resposta vai trazer de volta o que eu perdi, \ nenhuma explicação. \ Não. \ Agora só tenho vontade de conquistas.

Lamúrias

Sempre achei curiosa a atração das pessoas pelas lamúrias alheiras. Não para ouvi-las, é claro, isso é entediante, mas para lê-las. Incluo-me nisso. Gosto de ler sobre os desastres cotidianos dos outros, de preferência mascarados com um toque de humor por uma boa prosa. E eu, que não faço isso a sei lá quantos anos, hoje vim me lamuriar.

A Fada do Bigodão

Luíza, deitada na cama, encarava o teto salpicado de estrelinhas adesivas cheias de glitter. O quarto tinha sido decorado quando ela tinha oito anos. Na época, fazia sentido. Agora, ela tinha trinta e seis, e os pontinhos brilhantes tinham sido ressignificados por uma vida de insucessos. Cada estrelinha era como um sonho morto.

Dezessete Graus

Ana enlouquecia com o ar condicionado, ou melhor, com a falta dele. O apartamento de uma única e estreita janela a fazia andar quase nua. Era isso ou a combustão. Escolheu gastar as economias no concerto, a outra opção seria gastá-las inventando motivos para se ausentar do pequeno forno ao qual chamava de lar, mas sairia mais caro.

Inveja (dos contemporâneos) mata

Sinto-me pouco contemporâneo, cheguei a essa conclusão. Passei um tempo pensando sobre a natureza desse sentimento e percebi o abraço apertado que ainda me prende ao passado. Consegui entender melhor o motivo de eu gostar tanto de ambientar meus textos cinquenta, sessenta anos atrás, sem celulares, sem internet, e a uma distância confortável e analítica dos fatos. Eu estou desligado do hoje, do agora, pelo menos em parte.