Mata Virgem

Obs: Esse é um trecho de uma história cujas outras partes nunca foram escritas, ignore a falta de contexto geral. Quis publicá-la porque gosto muito do resultado dessa cena, escrever literatura erótica é difícil.

Estava deitada, meio apertada no sofá de dois lugares, com as pernas no colo do Miguel. Ele tinha trazido uns chocolates, daqueles bem vagabundos mesmo, feitos em casa. E colocou umas músicas de bandas nacionais dos anos 80. Nessa epoca eu ja tinha desistido de receber ele de lingerie, acabei botando um top qualquer e um short de academia. Se a Sandra me visse, com certeza brigaria comigo por estar sendo pouco profissional

No meio de uma mordida nos chocolates, ele ficou olhando pros meus pés.

— Teus dedos são horrorosos Fernanda — Disse mastigando, meio sorrindo, com a boca cheia, e deu um gole no copo de água de cima da mesinha.

— Não é não meu filho! eu sou linda! inclusive meus pés — Respondi lambendo os dedos emporcalhados com o chocolate meio derretido — Se for pra falar de feiuras você vai sair daqui chorando — Gargalhei. — Minha avó dizia que quem tem o dedo do meio do mesmo tamanho do anelar vira lobisomem. — AAAUUUUHHHHHHH — Uivei alto, e ambos rimos — Me dá um pouco da água.

Miguel obedeceu. Me ergui um pouco pra beber e, depois que acabei, sobrou apenas um restinho no fundo. Entreguei o copo de volta no mesmo instante em que começou uma música. Ele cantou junto, e ficou me olhando com aquele sorriso de tramóia. De repente, derramou o que havia sobrado da água na minha barriga.

— Aii cão! essa água tá fria! — Fiz menção a me limpar, mas ele afastou minha mão com um gesto leve. Depois, com o dedo, começou a espalhar lentamente o líquido ao redor do meu umbigo, tentando evitar que escorresse pelos flancos.

“Mesmo que me aperte essa sensação sem nome”. Ele começou a cantar junto, me olhando nos olhos e sorrindo. “Ou que me faça engolir a seco...”, foi descendo pela minha barriga em movimentos circulares, “... a minha sede é de Ângela / Quantas vezes eu me quis negar”, colocou o polegar dentro do meu shot. “Mas o meu rio só corria em direção ao mar”, ergueu levemente e fez a água escorrer para dentro com os outros dedos. “em direção ao mar de Ângela”

“Rouba do meu leite agora”, abri um pouco as pernas. “O gosto da minha vitória”, o contato da água fria me causou um pequeno tremor. “Do meu amor, do meu amor por mim”, num movimento lento, seu polegar seguiu o fluxo da água até chegar onde queria.

“Eu que me achava o rei do fogo e dos trovões”, O primeiro toque causou um efeito meio elétrico, que me fez morder o lábio. “Eu assisti meu trono desabar ...”, ele não tirava os olhos dos meus, parecia saborear a minha tentativa de manter a compostura. “... cedendo as tentações, as tentações de Ângela ...”, Começou a fazer um movimento para cima e para baixo, me arrancou um primeiro gemido discreto.

“Minha espada erguida para a guerra ...”, era o sinal que ele esperava. Intensificou. Fechei os olhos por um instante. “... com toda fúria que ela encerra, No entanto, no entanto, é tão doce ...”, os dedos dele já não estavam mais úmidos só de água. “ ... tão doce para / Ângela, Ângela, Ângela”. Com a outra mão, ele percorria as minhas pernas, o lado interno das coxas, apertava minha bunda, e volta a repetir o trajeto. Outra música começou,

“Você é um pé de planta / Que só dá no interior” inacreditável e a sequência de músicas, ele começou a rir mas não parou o que estava fazendo, e eu ri um pouco entre um suspiro e outro. “No interior da mata / Coração do meu amor” - Ele cantava ainda mais alto, começou a variar os movimentos. Eu já tinha desistido de me conter, estava de olhos fechados e gemendo baixinho..

“Qual flor de uma estação / Botão fechado eu sou”, mudou de posição, girou e ficou de joelhos no sofá, de frente pra mim. “ Se amadurecendo / Pra se abrir pro meu amor”, se inclinou pra frente e passou a me tocar com o dedo médio, estava quase entre as minhas pernas. “Úmida de orvalho / Que o sol não enxugou”, se inclinou mais, com a mão esquerda apoiando no sofá pra garantir que nela não caísse sobre mim.

“ Você é mata virgem / Pela qual ninguém passou” - Mexi um pouco o quadril de forma quase inconsciente, o ângulo mudou e aumentou ainda mais o contato. Comecei a gemer sem pudor. Toda aquela energia acumulada queria sair. “É capinzal noturno / Escuro e denso protetor” - Eu arfava, segurei o pulso dele com força - “De um lago leve e morno / Teu oásis seu amor”.

Alguma coisa no tom dele ao pronunciar “morno”, me fez gozar. Tremi, abafei o grito com a mão, me contorci, e por fim, fiquei jogada no sofá naquela letargia meio sonâmbula.

Lógico que eu já tinha gozado antes. Umas vezes com um namorado de adolescência, um monte de vezes me masturbando e até mesmo uma ou outra vez com com algum cliente, já depois de entrar na profissão. Mas aquilo tinha sido diferente, mais intenso, mais pessoal, não sei, talvez só a palavra “mais”, isolada, já defina.

Me vendo ali estática, Miguel deixou o tronco encostar no meu, e tocou meus lábios com os dele. Ele sabia que era contra as regras, mas acho que ela também sabia que eu não teria forças para reclamar.

— Meu tempo acabou — Imitou um beicinho — A cara que você fez não tem preço — Riu, levantou-se do sofá e foi em direção à porta literalmente lambendo os dedos, acenou pra mim e saiu.