O zero impera

A casa cala,
cai o silêncio.
Fantasmagóricos,
ecos de melhores tempos dançam em meus ouvidos.
Me desliza pelos nervos um chocalho,
um choro de joelho esfolado no batente,
Toda aquela ladainha de permissões e argumentos.

A borda áspera dos anos me rasga os dedos,
cada virada um flagelo.
Agora só um vão permanece.
Um mundo cheio de lugares sem uso,
pois a solidão é bicho de um só assento.
A vida foi-se porta a fora.

Junto, levou-me as cordas dos músculos.
Levou-me o firme das mãos,
a cor dos cabelos
e toda sorte de bençãos.
Deixou-me um escuro nos olhos,
E aquele cheiro de guardado
quase sepulcral.

Há marcas no meu umbral,
Mas dessas linhas,
hoje,
todas as somas são nulas.
A estridência das sirenes
e um choro de desconhecidos
escamoteiam a verdade final:
Não há número a dar aviso.
O zero impera.

Mata Virgem

Obs: Esse é um trecho de uma história cujas outras partes nunca foram escritas, ignore a falta de contexto geral. Quis publicá-la porque gosto muito do resultado dessa cena, escrever literatura erótica é difícil.

Estava deitada, meio apertada no sofá de dois lugares, com as pernas no colo do Miguel. Ele tinha trazido uns chocolates, daqueles bem vagabundos mesmo, feitos em casa. E colocou umas músicas de bandas nacionais dos anos 80. Nessa epoca eu ja tinha desistido de receber ele de lingerie, acabei botando um top qualquer e um short de academia. Se a Sandra me visse, com certeza brigaria comigo por estar sendo pouco profissional

No meio de uma mordida nos chocolates, ele ficou olhando pros meus pés.

— Teus dedos são horrorosos Fernanda — Disse mastigando, meio sorrindo, com a boca cheia, e deu um gole no copo de água de cima da mesinha.

Devaneios sobre o fediverso

Em maio fez dois anos que estou no Fediverso, mais especificamente, no Mastodon. Nesse tempo, ficou claro para mim que a descentralidade é o futuro da internet, assim como ficou claro que ninguém tem a menor ideia de como lidar com uma série de coisas sem uma autoridade centralizada de controle. Já tentei, algumas vezes, fomentar conversas sobre isso no Mastodon mas nunca tive muito sucesso (talvez eu tivesse mais sorte se postasse em inglês, coisas que eu detesto fazer). Hoje eu vou aproveitar esse espaço sem limite de caracteres para falar um pouco sobre o que eu acredito ser o caminho, e discutir possíveis soluções para alguns problemas.

Adicionando comentários ao Jekyll

Esse blog foi criado usando Jekyll, um gerador de sites a partir de conteúdo estático, e esta hospedado no Github Pages. Eu não sabia nada sobre nenhum dos dois no momento em que iniciei minha jornada para criar um blog em pleno ano do nosso senhor de 2024. Levei dois dias entre aprender sobre o Jekyll, criar o projeto no Github Pages e migrar todo o conteúdo que eu havia postado anteriormente no Medium que, em um futuro proximo, pretendo desativar.

Lá e de volta outra vez

Eu ando meio afastado da literatura. A verdade é que, em algum ponto, minha incompetência começou a me incomodar. Apesar disso, quase todo dia, eu sinto vontade de escrever sobre alguma coisa, seja para registrar descobertas ou só para compartilhar com o mundo uma opinião.

O de todo dia

Solidão é uma porra de um lugar comum. Tava tocando ukelele, o que faço muito mal , mas como só faço isso em ano bissexto o fura bolo da mão esquerda tá doendo quando digito. Ta dolorido de apertar as cordas. Talvez tenha entrado algum pelo macroscópico quando eu cocei a barba. Tá estranho. Essa de pelo microscópio parece piada, mas não é, meus pelos são super afiados, já fiquei com um preso na mão, incômoda para um caralho.

O homem que roubava títulos

Eu sempre odiei texto sobre o ato de escrever. Metalinguística é um negócio complicado e precisa de muito talento para não ficar uma merda. Mas hoje eu vou de “querido diário” nessa linha, porque estou com vontade de escrever e essa vontade é rara, não se pode desperdiçar. Escrever é como sexo, texto mais ou menos é melhor que texto nenhum.

BioTétrico

Eu não temo a morte, e não compreendo esse temor.\ O meu medo da vida é muito maior.\ A morte é inócua, insípida, inodora e, em última instância, indolor.\ A vida primeiro dói, o resto é só consequência.